Minha primeira experiência de leitura foi traumática: fui OBRIGADO a ler "O Ateneu" do Raul Pompéia. Aliás, todos os livros que li obrigado não li até a metade. A verdade é que meu pai lia muitos livros mas era uma leitura individual. Tínhamos em casa uma coleção de livros azuis capa dura do Monteiro Lobato e outros livros como o "Homem que calculava" e muitos outros que eu não lia, porque meu pai obrigava. Comecei a ler de verdade com o gibi da Mônica do Maurício de Souza. Depois fui ficando mais velho e comecei a ler os gibis do Batman e Superman escondido, é claro, "... porque gibi não é leitura...". Ouvi muito isso. Bom, na oitava série li o primeiro livro da coleção Vagalume, que roubei da biblioteca da escola (meu primeiro roubo aliás). Digo roubei porque até hoje não entendo esse protecionismo com livros: livros foram criados para ser vividos e não guardados numa estante pegando poeira, vejo as escolas com medo que os alunos fiquem com seus livros enquanto elas deveriam estimular os alunos a levarem e não devolverem. O livro deve circular, ver o mundo. Depois da série vagalume e do Batman me tornei um ávido leitor: não consigo ler menos de 2 livros ao mesmo tempo, e não menos que 6 livros por ano. Minha avidez por literatura contaminou minha mulher e minha filha e, sempre que posso, leio para minha filha dormir ou quando ela me pede. Nunca nego um empréstimo de um livro que eu tenho e fico feliz quando a pessoa não me devolve: sinal que o livro irá viajar e emocionar as pessoas como me emociona. Choro quando leio uma história emocionante, rio quando a história é engraçada. Fico triste de não poder manter minha coleção de gibis, que tanto amei por tanto tempo (mais de 15 anos) mas, hoje, procuro sempre ter um livro a mão de qualquer assunto. Ainda roubo livros de escola (ops, essa parte eu não podia contar) e ainda hoje crio "ladrões de cultura" - todo aluno que me pede um livro que roubei de uma biblioteca eu empresto e rezo para que ele não me devolva. Minha inspiração para isso foi uma ideia em São Paulo de uma estante em que as pessoas podem deixar seus livros para outras pegarem e devolverem uma estante em um outro lugar qualquer - como queremos formar leitores se nossos livros são uma propriedade?
Nenhum comentário:
Postar um comentário